Como
eu havia dito na postagem anterior (Neurônios Espelho (1)) falaremos um pouco sobre a terapia de
espelhos na prática clínica, mais precisamente em pacientes
hemiplégicos/hemiparéticos e na dor no membro fantasma.
Como
foi mencionado no post anterior (link) a terapia de espelho pode ser utilizada no
paciente após Acidente Vascular Encefálico (AVE) ou em hemiparesias/
hemiplegias, pois irá proporcionar um feedback visual positivo que concorrerá
contra o feedback visual negativo gerado no início do quadro clínico na
hemiplégia/hemiparesia pela não possibilidade de movimentação do membro
afetado. Eu já realizei uma pesquisa sobre esse tema e algumas perguntas sempre
apareciam, por exemplo: Pode ser utilizado em pacientes com quadro clínico
agudo e crônico? Vai ter o mesmo efeito?
Só a terapia de espelhos resolve? Vamos respondera algumas dessas perguntas.
Só a terapia de espelhos resolve? Vamos respondera algumas dessas perguntas.
A
terapia de espelho é uma terapia complementar, ela deve ser adicionada a um bom
tratamento neurofuncional. Muitos estudos randomizados e os próprios relatos da
prática clínica indicam que a terapia de espelhos é muito mais eficaz nas fases
aguda (até 3 meses de lesão) e na fase
subaguda (de 3 a 6 meses após a lesão); se pararmos para pensar faz todo
sentido. O paciente logo após o evento lesivo passa por uma fase chamada hipotônica onde o(s) membro afetado se encontra, como
o nome indica, hipotônico e o paciente não conseguirá mobilizar o membro
voluntariamente gerando um feedback visual negativo que irá ser agravado se o
paciente não iniciar a reabilitação precocemente. A terapia de espelhos irá fornecer
uma concorrência de feedbacks, uma vez que essa terapia proporciona um feedback
visual positivo gerado pela ilusão da
movimentação do membro afetado. De forma geral a terapia de espelhos visa
acelerar a recuperação motora do hemicorpo afetado integrando estímulos
sensoriais à resposta motora, remodelando conexões corticais e promovendo
modificações das áreas de representação cortical, através da neuroplasticidade,
promovendo melhora do ato motor.
A
outra situação onde a terapia de espelhos também pode ser utilizada é na dor do
membro fantasma. O nosso cérebro têm áreas específicas responsáveis pelo ato
motor, sensibilidade e posicionamento dos membros em relação ao corpo. Quando
ocorre uma amputação, há uma desorganização cortical (principalmente do córtex
somatossenrorial) da área representativa do membro amputado, logo, essa área
responsável pelo membro amputado sofre uma ‘atrofia’, enquanto a representação
cortical das partes preservadas do corpo se amplia. Também ocorrerá um aumento
de excitabilidade cortical motora dessas áreas remanescentes, quando comparadas
às mesmas regiões corticais no hemisfério contralateral. Existem evidências de
que a magnitude dessa reorganização cortical gerada pela amputação esteja
diretamente associada à gênese e intensidade da dor do membro fantasma. A terapia
de espelho irá reverter parcialmente às distorções adaptativas do córtex
somatossensorial decorrentes da amputação, com consequente atenuação ou abolição
da dor fantasma.
Aos
que gostam de séries de tv, no fim da quarto episódio da sexta temporada de House. O ácido House
mostra como a caixa de espelho funciona, só que os resultados não são tão
rápidos como é mostrado.
Referências
1 - Ramachandran VS,
Altschuler EL. The use of visual feedback, in particular mirror visual
feedback, in restoring brain function. Brain,
2009;132:1693-1710.
2 - Ramachandran, VS,
Rogers-Ramachandra, D. Synaesthesia in phanthom limbs induced with mirrors.
Proc R Soc Lond B, 1996:263:377-86
3 - Sütbeyaz S, Yavuzer G,
Sezer N, Koseuglu F. Mirror Therapy Enhances Lower-Extremity Motor Recovery and
Motor Functioning After Stroke: A Randomized Controlled Trial. Arch Phys
Rehabil, 2007;88:555-59.
4 - Yun GJ, Chun MH, Park JY, Kim BR. The Synergic
Effects of Mirror Therapy and Neuromuscular Electrical Stimulation for Hand
Function in Stroke Patients. Ann Rehabil Med, 2011;35:316-21
Autor: André Meireles
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