Olá,
pessoal! Durante a graduação é normal nós gostarmos ou preferirmos uma área
específica, aquela disciplina que não dá trabalho para estudar e que você
consegue passar horas e horas lendo. Para mim essa área específica foi a
neurologia (neurofuncional, neuropediatria), enfim, é o que eu gosto. Nesse
post vou mostrar alguns livros de cabeceira muito bons para quem gosta dessa
área.
Um
dos principais autores dessa área é o neurologista Oliver Sacks. Vou fazer uma
breve síntese de dois livros desse autor.

...
- Obviamente umas das enfermeiras com senso de humor macabro entrara
furtivamente na sala de dissecação e surrupiara uma perna, depois de viera ao
seu quarto e a colocara discretamente debaixo das cobertas, por brincadeira,
enquanto ele ainda dormia a sono solto. Ele ficou muito aliviado com a
explicação; mas achando que brincadeira tinha limite, ele jogou aquela coisa
horrorosa para fora da cama. Mas – e nesse ponto o tom de conversa o abandonou
e ele subitamente empalideceu e se pôs a tremer – quanto ele a jogou para fora
da cama, de algum modo ele foi junto – e a gora estava grudada nele. Ele
agarrou a perna com as duas mãos, com uma violência extraordinária, e tentou arrancá-la
de seu corpo; não conseguindo, socou-a em um acesso de raiva.
“Devagar”!
, falei. “Tenha calma. Não esmurre a perna desse jeito.”
O
segundo livro, como o primeiro, é uma reunião de casos clínicos sensacionais.
(An Anthropologist on Mars) Um Antropólogo em Marte, 1995. Esse livro é
composto de sete casos clínicos paradoxais de pacientes que se adaptam a
condições neurológicas. Autismo, daltonismo adquirido, epilepsia, restauração
da visão depois da cegueira congênita, são alguns dos casos abordados. Vou
fazer um breve apanhado de 2 desses 7 casos.

Ver
e não ver: Um homem de 50 anos que é cego desde sua infância, faz uma cirurgia
e volta a enxergar! O que poderia ser algo sensacional se transforma em uma
espécie de martilho, pois o paciente se encontra na situação de ter que
reaprender tudo como uma pessoa que enxerga. Trecho: .. – Mas ele dizia que, em
geral, caminhas era “assustador” e
“confuso” sem o tato, de sua bengala,
com suas noções incertas e instáveis sobre o espaço e a distância. Por
vezes, as superfícies e objetos pareciam avultar-se, estar em cima dele, quando
na realidade continuavam a uma grande distância; por outras confundia-se com a
própria sombra (todo o conceito de sombras, de objetos bloqueando a luz, era
enigmático para ele) e parava, ou dava uma passo em falso, ou tentava passar
por cima dela. Degraus, em particular, apresentavam um risco especial, porque
tudo o que podia ver era uma confusão, uma superfície plana, de linhas
paralelas ou entrecruzadas; não conseguia vê-los (embora os conhecesse) como
objetos sólidos indo para cima ou para baixo num espaço tridimensional.
Referências:
1 – OLIVER S. O Homem que
Confundiu sua Mulher com um Chapéu. Ed Companhia das Letras, São Paulo, 2000.
2 – OLIVER S. Um Antropólogo
em Marte. Ed Companhia das Letras, São Paulo, 2006.
Autor: André Meireles