quarta-feira, 24 de abril de 2013

Xixi no Banho: Fazer ou Não? Eis a Questão!


Há um bom tempo, foi veiculado na televisão brasileira um comercial que me chamou a atenção. Não sei se foi a idéia que estava sendo abordada, mas a animação bem feita ou as vozes lindas de inúmeras crianças nos convidando a fazer xixi no banho que me fizeram ficar completamente encantada com tal comercial. Pensando no futuro do planeta, no que queria deixar para meus filhos e netos e no bem que me faria ajudar a todos, visto que é uma ideia bastante sustentável, comecei a gostar da proposta. Por que não? Por que não fazer xixi no banho? Tentei aderir ao que foi sugerido na propaganda, mas não tive sucesso. Embora quisesse muito, comigo não funcionou! Quem me conhece sabe das “nóias” que tenho com banheiros e a sugestão do comercial não foi nem iniciada. Para minha sorte!


Durante a graduação, assistindo a uma aula (inspiração para esse texto) de Fisiopatologia Clínica em Ginecologia, Obstetrícia e Urologia descubro que mulheres
não devem fazer xixi em pé ou em qualquer outra posição que não deixe a musculatura do períneo relaxada. Quando nós, mulheres, encontramo-nos em pé a musculatura do períneo permanece em contração. E isso atrapalha (e muito!) o processo normal da micção onde sentada no vaso, toda a musculatura está relaxada, sem contração e torna-se tudo um processo passivo. É como usar uma cinta no abdômen, por exemplo. Enquanto ela está fechada as gordurinhas estão presas, no momento em que você a desabotoa as gordurinhas saem sem que você se esforce para que isso ocorra. No entanto, se você faz xixi em pé é como se você quisesse colocar as gordurinhas pra fora sem desabotoar a cinta e isso seria impossível, mas imaginem só o esforço que seria feito nessa tentativa. Não fomos biológica e mecanicamente preparadas para tal ato diferentemente do homem que é adaptado para relaxar os músculos do períneo em pé. E isso pode causar, muitas vezes, as famosas infecções urinárias.

Após uma micção inicia-se, na bexiga, a fase de armazenamento de urina. Nesta fase, a bexiga agrupa gradualmente a urina produzida, mantendo baixas pressões. Graças à atividade simpática, durante este processo, há uma inibição da contração vesical (visto que a bexiga é um órgão muscular) e da musculatura lisa da uretra, bem como há uma contração da musculatura estriada do assoalho pélvico graças à atuação dos nervos pudendos. Dessa forma, a pressão vesical é menor que a uretral não havendo, neste caso, fluxo urinário.

A fase de esvaziamento envolve trabalho conjunto de vias supra-espinais e o controle voluntário do indivíduo; a atividade simpática é cessada, há uma ação parassimpática que estimula a contração detrusora onde, simultaneamente a isso, há o relaxamento perineal esfincteriano, devido ao fim da estimulação nervosa pelos nervos pudendo. Isso fará com que a urina produzida e armazenada seja eliminada, com a mínima resistência possível. O que não ocorre com as mulheres que urinam em posição ortostática, pois não há o relaxamento devido da musculatura e dependendo da posição adotada pode reter mais ou menos urina, além do fisiológico, após o ato. E isso é um dos pontos principais para a ocorrência de infecções urinárias em mulheres.

Então vocês homens que querem aderir à campanha (que hoje em dia já nem passa mais na TV) recebam meus aplausos. Primeiro por ser uma idéia realmente interessante para o não desperdício de água (imaginem quantos litros de água doce por mês ou até mesmo por anos não seriam economizados) e segundo, por enfrentarem suas mulheres cujo argumento para brigas se tornará o mau cheiro que fica no banheiro na hora em que outra pessoa vai tomar banho. Mas não se pode ter tudo! É o preço pago por querer salvar o mundo em que vivemos! E vocês mulheres arrumem outra forma de preservar o nosso meio: seja desligando a pia na hora em que escovam os dentes, seja diminuindo o tempo no secador e aderindo as chapinhas (que consomem bem menos energia)... Isso pouco importa! O que importa de verdade é ficar livre das infecções urinárias e ajudar o planeta como pode, sem colocar sua saúde em risco.


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